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É Contar e Encantar

Com o que é que te apetece sonhar hoje?

É Contar e Encantar

Com o que é que te apetece sonhar hoje?

Banho de Maionese (2)

Olavo Rodrigues, 02.12.15

stock-photo-young-business-man-getting-stressed-an(Samuel a narrar)

Estava sentado num banco de um jardim ora solitário, ora confuso e por vezes as duas coisas. É assim que constantemente vejo o mundo - nada me faz sentido, tudo me parece incerto porque o certo não existe simplesmente. Toda a Existência é vibração energética abstracta como o barro. Contudo, há um propósito - cumprir uma missão, missão esta que requer aprender e evoluir.

Para grande desgosto meu, carrego o terrível fardo de não conseguir dar estes passos por as respostas que encontro não me satisfazerem. Obtenho tanta informação e o resultado é a substituição de todo o conhecimento por dúvidas. Eu não me realizo porque questiono a própria dúvida, tudo me parece desconfiável. Até pode haver uma ou várias respostas certas, mas aos meus olhos serão sempre hologramas. 

Cada imagem, cada som, cheiro ou sabor é aspirado e processado pela minha mente hiperactiva, que os dispõe brutalmente a uma velocidade exuberante, sendo a minha cabeça um ninho oficial de tornados. 

A Lua! Leva 27 dias a completar uma órbita completa à volta da Terra, A Lua é o único satélite natural do nosso planeta e o quinto maior do Sistema Solar. É o maior satélite natural de um planeta no sistema solar em relação ao tamanho do seu corpo primário, tendo 27% do diâmetro e 60% da densidade da Terra, o que representa 1⁄81 da sua massa. Entre os satélites cuja densidade é conhecida, a Lua é o segundo mais denso, atrás de Io. (Wikipédia)
É o símbolo do feminino e da sensibilidade, a mãe da noite, o cartão verde para a aparição de criaturas fictícias criadas por imaginações férteis.

Oh!!! Lá estou eu outra vez! Dói-me a alma por não saber usá-la, adoro sentir e pensar, mas não misturar os dois, o que é inevitável. Se sinto, penso no que sinto, se penso, sinto o que penso e como sinto e penso tanto, sou apenas uma consciência caótica que às tantas não discerne qual é o primeiro agressor. Somente sabe que pensa, que sente e que está intensamente dorida.

É à conta disto que dificilmente me faço entender perante os demais, que não sabem nem querem ser abstractos ou cujo barro foi moldado de uma maneira diferente. Raios! Detesto viver no desespero de não encontrar um objectivo...

- Olá, Samuel.

Uma voz interrompeu-me os devaneios. Era doce, melódica e consequentemente muito agradável de se ouvir. No entanto, um pânico irracional impediu-me de direccionar o olhar para a proprietária, limitando-me a ficar parado como uma estátua. Sem qualquer aviso, a Constança põe-se à minha frente com um grande sorriso, pregando-me um susto de morte.

- Estás bem? Estás tão pensativo. - Afirmou antes de se sentar ao meu lado.

- A segunda parte da tua premissa é um hóspede obeso mórbido que declarou a sua presença permanente em mim, pelo que o verdadeiro significado da primeira metade é difícil de deslindar. Tanta coisa em que reflectir, tanta dúvida que criar, sim, porque eu só crio vazio.  - Continuava a não estabelecer contacto visual, mas consegui sentir que a rapariga ia demorar a mascar a minha deixa.

- Há alguma coisa que eu possa fazer para te ajudar? - Perguntou por fim ao pôr-me a mão suave no ombro.

- Não, obrigado, esta é uma tarefa que me cabe a mim cumprir.

- Mas tudo é melhor com a ajuda dos amigos. - Não sabia se fora mal-educado, mas revelei-me incapaz de mostrar a minha surpresa.

- Nós somos amigos?

- Bem.. Quer dizer, como disseste acabámos de nos conhecer, porém, eu teria muito gosto em ser-te útil. Olha, sabes do que é que tu precisas? Disso mesmo: amigos. A minha faculdade organiza imensas festas, vem comigo à próxima, é daqui a três dias. - Voltei a desviar os olhos, estava novamente em pânico. Tremia como uma vara.

- Vá lá, Samuel, não vais deixar-me plantada outra vez. - Disse a Constança enquanto me punha de novo a mão no ombro e procurava o meu olhar com o dela.  Após algum tempo, piscou-me o o olho para me tranquilizar. - Então? - Raios, não conseguia tirar as palavras da boca. Para a moça não foi problema, tomou o meu silêncio como um sim. - Vemo-nos daqui a três dias, vai buscar-me à minha casa às 20:30.

Decoras a minha morada?

- Decoro quantos grãos de areia têm cinco metros quadrados ou mais.

A Constança despejou todos os dados da sua morada com a sua nata alegria que eu invejava. O estado da minha cabeça piorou, nunca soube como enfrentar este tipo de desafios.

 

 

 

 

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